Texto de Máximo Lamela Adó
Atestam os escritos, ilegíveis, encontrados na região da Panfília, a existência deste ser de aparência provocadoramente atraente e avassaladoramente imortal. As Prunus Lamias Dulcis, chamadas vulgarmente apenas Lamias Dulcis, vivem, aparentemente, encerradas num caroço que, por sua vez, está recoberto de uma pele coriácea e abundantemente pelosa. Caminham em passos diminutos, muito ínfimos mesmo, praticamente imperceptíveis por sobre pequenas árvores, irmanando-se camaleonicamente, aos frutos da mesma. Usam deste artifício para atrair jovens guerreiros que, famintos e sedutoramente engodados pelos odores e texturas do falso fruto os levam a boca, e estes, livrando-se de serem mastigados, liberam fluido viscoso deslizando suave e prazerosamente para o dentro dos jovens marciais. Sem o perceber transportam assim, para o seu dentro: gênios femininos que lhes liofilizarão o sangue em um momento exato da guerra. De tal modo, quando mortos sobre o húmus, ao receber o molhado das chuvas, seu sangue desidratado e vivo lembra do caminho das árvores e impõe rubor e rumo aos pés desses homens que para lá voltam e reconhecem diante dos galhos, olhares femininos que os condenam a imortalidade.
Publicado em: Quintajusta - Coleção Caderno de Autoria V. 5 - SESC-SC - 2008
(organização) Manoel Ricardo de Lima
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