domingo, 17 de junho de 2012

Curso de Extensão - Exercícios do Informe



Inventariar ou inventar espaços em Educação

Letícia Testa


Trata-se de uma pesquisa que se vale dos processos e modos de criação da arte contemporânea para exercitar e experimentar, desde esta sua lógica, o ato criador de diferentes espaços em educação. Com isso, e segundo os modos de proceder da arte, provoca-se um lugar ainda não tematizado de educação, justo ali onde ela não se dá como outra além do próprio processo pelo qual emerge. Contudo, é certo que não se nega ou anula a necessidade ou a inevitabilidade da tematização, mas apenas se afirma a tentativa de produzir uma educação que nela não se subtraia, acabe ou seja anterior ao próprio contexto e processo em que se dê ou se crie. Exercitar a educação como arte significa ter em conta que seu pensar pode não estar separado de suas ações e visibilidades, e que estas, por sua vez, são indistinguíveis da concretude mesma de seus fluxos. Mas, diante dessa especificidade, como poderíamos caracterizar mais nitidamente seus movimentos? A arte contemporânea, em seu pensamento liquefeito, autotransgride-se continuamente. E, assim fazendo, na medida em que cria ou age suas visibilidades, não só opera o desmanche de quaisquer sobredeterminações, padrões, disposições e noções de pensamento que lhe sejam preexistentes como, simultaneamente, instaura, a cada vez e sempre em permanente mobilidade, seu próprio aparato crítico, de forma a envolver em sua composição a ação pensante e o estado do olhar que lhe convém. Neste movimento, educação e arte, agora como inobjetáveis, reivindicam a experimentação e a criação concomitante de um olhar que se faça não mais por uma perspectiva capturadora de formas estáveis mas que, diferentemente, aconteça junto à impermanência ou à própria impossibilidade destas de se manterem como formas. Coextensivamente, não por conteúdos artísticos e educacionais mas em mostrações flutuantes de suas matérias(-forças), chega-se a um tipo de pensamento não subordinado às possibilidades exclusivas dos conceitos, e sim convergente à dinâmica do mundo atual – amplificado e aderente à própria lógica da vida. Tudo isso para poder-se exercitar na arte e na educação a mesma dispersão da vida, sob a convergência de um mesmo uso.  




6, 237 m² - um processo de experimentação e estratégia de liberação...
Máximo Daniel Lamela adó

Neste processo de experimentação a criação não se separa da compreensão, pois não se distingue teoria e prática. O que conta é o ato, todo e qualquer ato ao modo de um traçado que opera mais para uma geografia do que para uma história. Ao modo de Raymond Queneau podemos dizer que é escrevendo que se escreve e se vira escrevedor; é fazendo que se faz e se vira fazedor. Em 6, 237m², o nome deste experimento e também o espaço de uma folha A4 multiplicado por cem, provoca-se atuar com um espírito de rigor e diversão, pois se trata de estar atento à ideia de que toda expressão só se expressa ao se expressar, já que inexiste como forma pré-definida ao expressado. Um processo que procura atuar pelas e nas multiplicidades potenciais do narrável, sem a procura de uma estabilidade doada por um sentido unívoco. O objetivo está em dar mais atenção ao processo de criação do que ao resultado em si, o processo é o próprio acontecimento e o acontecimento passa a ser o sentido. Em 6,237m², o espaço deste experimento, temos cem palavras, cem imagens, cem mini-contos e uma multiplicidade de possibilidades de atuar com estas coisas-objetos. As coisas são a potência, pois são definidas pelo que podem e, ainda, pelo que podem em ato. O que podem cem palavras, cem imagens, cem mini-contos em suas possibilidades enquanto possibilidades relacionais e de ação? De onde vem e para onde vão? Quais são suas vozes? Aqui o que temos é o espaço a se fazer presente na materialidade de cada coisa que o ocupa. O que pode o espaço de uma folha A4?      





          

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